terça-feira, 22 de novembro de 2011

As margens de um novo processo

Viajando entre as Avenidas e escolhendo praças para circular o espetáculo 


Cada praça mantem uma brasa dentro da gente, cada folha, cada casa, cada banco, cada pessoa. Com um olhar brilhante, de quem quer saber tudo, a gente embarcou a pé e de coração. 

Quando chegamos, eu me lembro que a gente falava muito. Com o passar do dia fomos "aquetando", até chegar no silêncio absoluto. Nosso olhar era única maneira de comunicação.
O silêncio é importante, é o momento em que a gente recebe, quase em um termo religioso, é nesse momento que a gente consegue analisar, sentir, ficar em crise e outras sensações.
Recebemos cada lugar como cada lugar recebeu a gente.
Nada era nem parecido com o que a gente tinha imaginado, nossas opiniões viraram pó, e dali do pó de terra, nasceram ideias, pensamentos e vontades.

Aquela água brotava vida e transbordava as nossas vidas de sensações. É inevitável que passemos por sensações ao pensar uma construção artística num lugar que nos causa tantas questões, calor, frio, fome, cheiros e muitas vontades...


Não pensem que não somos acostumados com toda essa realidade, pois essa realidade é nossa. Circular um espetáculo por esses lugares faz muito sentido pra gente, e montar um novo espetáculo faz muito, mas muito, sentido. Claro, vontades não faltam. Mas é uma passo grande, medos, angústias e muitas perguntas:
Pra quem? Por quê? Como?
Assim vamos continuando o processo, muitas perguntas, muito silêncio e muita vontade.
O que vai dar, ou onde vai dar não sabemos, mas estamos beirando as margens de um novo processo.


"Tenho fome e a minha fome não se limita ao pão
Tenho fome daquilo que não posso comer 
Quero me atirar na represa
Estou represada 
Suja
Em um canto qualquer represado e reprimido
Estamos na beira do buraco, na beira da represa, na beira do mundo"

Tatiana Monte 



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